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Comunidade indígena na zona Leste recebe ação de saúde da prefeitura com foco no ‘Setembro Amarelo’

Profissionais da Prefeitura de Manaus promoveram uma ação de saúde na manhã desta quinta-feira, 25/9, na comunidade indígena Iauareté Pixuna, no bairro Distrito Industrial 2, zona Leste. Coordenada pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), a programação incluiu ações e serviços com foco na saúde mental, ao lado de outras atividades de prevenção e promoção da saúde, dentro da agenda da saúde municipal no “Setembro Amarelo”, mês de prevenção ao suicídio.

Na ação, usuários e famílias da comunidade participaram de uma roda de conversa sobre saúde mental e tiveram acesso a atendimentos de escuta qualificada com profissionais psicólogos. A atividade contou com servidores do Distrito de Saúde (Disa) Leste, da Unidade de Saúde da Família (USF) Silas Santos, da USF Avelino Pereira e do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Capsi) Leste Dr. Rogelio Casado Marinho Filho.

A técnica do Disa Leste da Semsa, Alibia Pessanha, que atua nas áreas de saúde da População Indígena, da População Negra e da População Privada de Liberdade, relata que as ações de promoção da saúde nas comunidades integram a rotina do distrito da Semsa, sendo reforçadas em datas celebrativas e especiais de saúde. Ao todo, 24 comunidades são hoje atendidas na programação de ações do Disa Leste.

“Esta é uma comunidade de grande vulnerabilidade social, o que nos motiva a trazer serviços da Atenção Primária à Saúde e assistir melhor essa população. Nesta ação, estamos enfatizando a saúde mental, que infelizmente é um problema grave entre a população indígena”, relata a técnica.

Também na ação, os comunitários tiveram acesso a consultas médicas e de enfermagem, com dispensação de medicamentos prescritos no próprio local, mais atendimentos em nutrição, vacinação do calendário básico infantil e adulto, e testes rápidos para HIV e sífilis. As equipes realizaram ainda palestra sobre saúde bucal, com distribuição de kits de higiene oral para crianças e adultos.

A cacica Marta Kokama, líder comunitária ao lado do esposo, o cacique João Marcos Mura, enfatizou que a ação contribui para a comunidade ao facilitar o acesso a serviços de saúde. Na área, ela informa, vivem mais de 600 famílias, entre indígenas de 20 etnias e não indígenas.

“Ações como essa são muito importantes para o povo que mora aqui, agradecemos pela oportunidade. E saúde é igual água, a gente não vive sem ela”, afirma.

A comunitária Jamille Batista Rollemberg, de 31 anos, foi uma das atendidas na ação. Ela consultou o clínico geral para avaliar a pressão arterial e aproveitou para receber vacinas que estavam com esquema incompleto no cartão de imunização. “É muito bom ter essa ação na comunidade, pois não precisamos nos deslocar para longe para buscar o médico ou outro profissional de saúde”, destacou.

Saúde mental indígena

Na roda de conversa sobre saúde mental, o diretor do Capsi Leste, psicólogo André Lima, iniciou a interação com os comunitários tratando sobre questões como morte, suicídio e autoagressão, seguindo para pontuar os fatores de risco do comportamento, como doenças mentais e tentativas pregressas, e os fatores protetivos, como a autoestima.

“Porque a cultura é diferente, o olhar deles sobre a morte e o suicídio é diferente do nosso olhar. Portanto, inicialmente buscamos entender como eles veem essas questões para, a partir daí, trabalhar fatores de risco e fatores de proteção”, explica.

André aponta a saúde mental como questão crucial na área da saúde indígena, em razão do alto índice de suicídios entre essa população. No cenário nacional, enquanto o total de casos de morte por suicídio varia de 5,3 a 5,7 por 100 mil habitantes entre a população geral, chega a 17,6 entre a população indígena. As regiões Norte e Centro-Oeste, ele assinala, são as de maior vulnerabilidade em relação ao problema.

Muitos dos fatores que moldam esse quadro, segundo o gestor, têm a ver com a interferência da cultura não indígena sobre a indígena. Exemplo disso é o uso do álcool, fator de risco para doenças mentais, que por sua vez são fatores de risco para o suicídio. “As bebidas alcoólicas produzidas pelos indígenas não têm o mesmo fator alcoólico das não indígenas. O álcool etílico é muito mais prejudicial”, pontua.

‘Setembro Amarelo’

A campanha “Setembro Amarelo” é realizada anualmente, com foco na prevenção do suicídio e na valorização da vida, trazendo neste ano o tema “Conversar pode mudar vidas”. Conforme André Lima, a temática enfoca a questão da ética na divulgação e troca de informações sobre o suicídio.

“O primordial na comunicação sobre o suicídio é não focar em como ou por que ele ocorreu, mas trabalhar a prevenção, orientar a pessoa a buscar um Caps se tiver um transtorno mental ou estiver com algum pensamento insistente sobre morte”, assinala.

O psicólogo alerta, por outro lado, que a ideação suicida, que consiste em pensar sobre, considerar ou planejar o suicídio, é motivo de emergência médica. “Nesse caso, a pessoa deve buscar o Centro de Saúde Mental do Amazonas, o Cesmam, ou, se for menor de 14 anos, procurar o Hospital e Pronto-Socorro da Criança Zona Sul”.

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Texto – Jony Clay Borges / Semsa

Fotos – Divulgação / Semsa

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