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Empresas familiares enfrentam dilemas culturais para transformação do mercado

As empresas familiares são responsáveis por muitos negócios no Brasil. Apesar do peso na economia, elas enfrentam dilemas culturais que podem comprometer sua continuidade.

De acordo com Adeildo Nascimento, CEO da Dheo Consultoria, a maior parte dessas organizações ainda opera de forma totalmente presencial. O modelo reforça vínculos de confiança e proximidade, mas se torna um entrave na atração de talentos em um mercado que valoriza cada vez mais a flexibilidade do trabalho híbrido.

“A cultura que trouxe a sua empresa até aqui pode não ser a mesma que vai levá-la adiante. O desafio é transformar sem perder a essência, sem perder o legado”, afirma.

Sucessão e reconhecimento

A sucessão hereditária continua predominando, com filhos, netos e sobrinhos assumindo os negócios. O formato preserva o legado, mas pode gerar uma “bolha” de pensamento único, restringindo diversidade e inovação. “Quando todos pensam do mesmo jeito, a empresa corre o risco de se prender a modelos mentais do século XX em pleno século XXI”, alerta Nascimento.

Outro ponto crítico está nos sistemas de recompensa. “Apenas uma parcela das empresas familiares adota programas estruturados de médio e longo prazo, enquanto organizações mais profissionalizadas já consolidaram essa prática. Nesse cenário, a proximidade com o dono deixa de ser suficiente para reter talentos, exigindo a implementação de políticas de cargos, salários e performance mais claras e justas, complementa Nascimento.

Caminhos para a transformação

A adaptação deve ser gradual e planejada. Entre as prioridades estão a criação de um plano de gestão cultural com metas definidas, a transição para modelos híbridos de trabalho e a construção de projetos de sucessão que combinem hereditariedade com diversidade de perfis.

Outro passo estratégico é estruturar sistemas de performance e reconhecimento, capazes de garantir justiça e engajamento. A promoção da diversidade em sentido amplo também se apresenta como um diferencial para ampliar perspectivas e fortalecer decisões. “Projetos de profissionalização não acontecem da noite para o dia, mas precisam começar agora. A pergunta é: que legado você vai deixar?”, provoca Nascimento.

Vídeo sobre o tema, com Adeildo Nascimento:

https://www.youtube.com/watch?v=wd61p5gBQn0